A Organização Dinâmica






É Adam Smith o primeiro filósofo a conceber uma organização dinâmica da sociedade no sentido de sua evolução para um sempre maior bem estar coletivo, uma linha de pensamento que evoluirá no século XIX para o Utilitarismo. Ele concebe como agente desse movimento a própria "natureza humana" levada por uma forte inclinação para a troca comercial e pelo desejo de melhoramento próprio, porém susceptível de ser guiada pelas faculdades da razão.

Realmente, o problema a que Smith definitivamente se endereçava era o da luta interior entre a paixão e o "espectador imparcial" revelado no "A Teoria dos Sentimentos Morais". Essa luta tem quatro estágios de organização da sociedade, nos quais a história de todos os povos se desdobraria, não houvesse guerras, escassez de recursos, ou deliberado intervencionismo do governo.
No Livro III, Smith delineia os quatro principais estágios dessa evolução:


(1) O estágio original "rude", o estágio dos caçadores. Nesse estágio existe pouca propriedade e conseqüentemente raramente existe qualquer magistrado estabelecido ou qualquer administração regular de justiça.

(2) O estágio de agricultura nômade, com a criação de rebanhos; começa uma forma mais complexa de organização social, com a instituição da propriedade privada, cuja manutenção e garantia requerem o indispensável apoio e suporte da lei e da ordem. Seguindo o pensamento de Locke, para Smith o governo civil, tanto quanto ele é instituído para a segurança da propriedade, é na realidade instituído para a defesa dos que tem posse e podem custeá-lo pagando impostos.

(3) O estágio de fazendas, manorial do latifúndio ou feudal. Nesse estágio a sociedade requer novas instituições tais como salários que seriam determinados pelo mercado em lugar de determinados pelas corporações; e empreendimentos livres em lugar de controlados pelo governo.

(4) O estágio de interdependência comercial, estágio final de perfeita liberdade em que atua a famosa "mão invisível", capaz de levar a ação ambiciosa e egoísta do homem a criar o bem estar geral da comunidade. Isto porque, havendo liberdade, o lucro dependerá da livre concorrência em apresentar ao público aquilo que o público espera de melhor. Vale dizer, só obterá lucro quem melhor servir à sociedade. Vencer a concorrência não requer apenas a venda pelo menor preço, mas também a criatividade, as invenções que aperfeiçoam os produtos, os serviços e as artes.

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